sábado, 17 de setembro de 2011

Ferreira Gullar

Era uma tarde agradável, dia 11 de agosto, as 15:00 horas. Fui ouvir Ferreira Gullar. Logo de início fiquei  encantada com sua performance. É que, para chegar ao palco de onde falaria, Gullar subiu uns seis degraus, com a ligeireza de um garoto peralta! E eu disse -OH!que danado!!! Daí pra frente foi só
encantamento.Contando de sua vida , engajamento político e de seu exilio , estando em Buenos Aires passou a pensar que teria que vomitar sua vida. "Só que naquele dia, não conseguiu vomitar. Terei que provocar o vômito?" No outro dia nada também.
Então Gullar começou a falar seu "Poema Sujo" que eu não preparada para ouví-lo naquele momento, ouvi ruidos de quando temos ânsia de vômito-ele falou bem perto do microfone com voz forte:
turvo turvo
a turva
mão do sopro
contra o muro
escuro
menos menos menos escuro...
Segundo ele este poema não tem início nem fim e eu pensei - é só o começo , quando o vomitado ainda não veio.No Poema Sujo, cria metáforas- corpo da cidade/seu corpo. Movimentos reais e imaginários.

Contou-nos que numa certa ocasião, foi assaltado por um jasmineiro. Na casa da namorada, ao passar pelo jardim, foi assaltado pelo cheiro de jasmins." Era até agressivo!" Arrancou algumas flores , apertando-as na mão, até chegar a casa. Cheirava  aquelas flores esmagadas que exalavam odor forte e pensou em fazer um poema. Naquela noite o poema não veio. No outro dia saiu... As pessoas que o assistiam queriam que ele falasse desse assalto, mas o poeta não se lembrava ".Isto foi em 1977."
O tema de hoje,  é sobre Poéticas da arte. 
Comentou sobre o ACASO na Vida e na Arte. Disse que foi convocado pra ir representar o Brasil na Feira de Frankfourt e ficou na duvida se iria ou não. Mas foi. Lá, no meio de tanta gente, disse ele-"Encontrei Claudia , que se tornou minha companheira" Foi o acaso que supriu uma necessidade.
Na arte também é assim. Se o pintor sai dos ismos , onde as exigências fazem constatar onde está encaixado o artista, ele entra no seu tema e dá lugar para o acaso. Ele não sabe para onde aquela pintura o levará.
Claro que o poeta deu um show de apresentação e de simpatia. Eu, bem... quero só registrar que estava lá e gostei muito do que vi e ouvi.

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