sexta-feira, 29 de junho de 2012

3º salão da Leitura de Niterói- junho 2012


 A Academia Niteroiense de Letras e os "Escritores ao Ar Livro" participam do 3º salão da Leitura de Niterói. No estande estão todos os nossos escritores. Ontem, quinta-feira, constou da programação palestras de Fernando da Matta e Romamo de Sant'anna. A frequência maior  é de estudantes da rede pública.
 Tive oportunidade de conversar com uma familia onde a garota de 11 anos, Júlia, quer ser escritora mas lamentou ter dificuldade com o computador.
 -Que tal  escrever no papel e depois com calma, passar para o computador? É melhor registrar o que lhe veio no momento, não acha?
                                                                                      -Boa ideia! disse ela.
Conversamos sobre Pimentel e Julia quis ver fotos! Encantada saiu agradecida.
                                     
                                       
Obra:CAFÉ PINGADO- de Wanderlino Teixeira Leite Netto

                                          Desconstrução

                             Não são meros desvãos,
                              mas um enorme vazio,
                             A causa não foi um sismo,
                             Entre os dois há um abismo
                             cavado em solo macio
                             com as conchas das próprias mãos.

                                    Obra:  POEMAS REDONDOS e VERSOS DESENCONTRADOS
                                                 de Bruno Marcus Rangel Pessanha

                                            Da inutilidade do arco-íris
                                           
                                                   Quem desmancha
                                            essa trança de gotas multicores
                                                   que só reavivam dores
                                             no firmamento da lembrança?

                                                    Quem quebra esse arco
                                                        que um dia foi marco
                                                            de coloridas juras?

                                                     Quem desfaz essas gotículas
                                                              ridículas, sem nexo,
                                                                  que só têm reflexo
                                                  no prisma dos sonhos esquecidos?

                                          Por que, arco-íris, não foste tão eterno
                                                   como a aquarela da saudade
                                                        pintada dentro de mim?
               

       HAICAIS de Leda Mendes Jorge

                                          Em um coração
                                          no silêncio do ciúme,
                                          a brasa revive
                                        

                                                                      O menino vê,
                                                                      com frio no coração,
                                                                      cair seu sorvete.

domingo, 24 de junho de 2012

mais um dia...


Mais um dia...
Fui à Feira do Livro, no  horário do meu plantão. Em tendas brancas os estandes com os mais variados autores apresentam ao público opções interessantes principalmente para crianças.
 De volta a casa,quando entro pela  porta, ao chegar à sala, lembro-me do plano que havia traçado para hoje. É que  já havia me organizado  para ler Fausto de Goethe. Então não há tempo a perder, e inicio como que um  ritual: terminei de ver mais uma vez  o filme Mephisto  e iniciei a leitura de “Os sofrimentos do jovem Werther” de Goethe.
 Aos poucos sinto-me sonolenta e a leitura prosseguirá amanhã.
 Enquanto ainda acordada,  me arrumando para deitar,  penso numa pessoa querida e meu coração entra em descompasso. Ligo para a família e quero notícias dela, dele.
Italiano alegre, forte e animado com a vida, há dois anos vive em cadeira de rodas.
 Não vê mais sua companheira, sua horta. Seus olhos estão permanentemente cerrados.
 Não pode mais dançar forró e colher tomates na horta. Não tem mais força nas pernas para manter-se de pé. Ele não anda.
 Teria lembranças, faria planos?
A pimenta que plantava e colhia era condimento indispensável em suas refeições diárias. Hoje se alimenta através da sonda.
 Onde está aquele passo largo e apressado de homem forte e decidido?
 Seu pensamento  caminha pelas ruas da cidade naquela terra mãe, visitando os amigos, contando piadas, fazendo troça? Ele reflete?
 Sua casa praiana, abrigo aprazível, espera pacientemente  a chegada dele, que já há dois anos não volta para tomar sua branquinha e nem se ouve o estalar de seus lábios ao saborear essa pinga boa. Que foi feito de seu paladar?
Tocaram a campainha de minha casa.
 Abro a porta.
 Meu netinho de dois anos corre ao meu encontro num abraço apertado e pergunta: “Vovó, vamos brincar de quê?”

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Livro- Tia Julia e o escrevinhador de Mario Vargas Llosa


Mário viveu na companhia dos  avós porque a mãe lhe dizia que seu pai havia falecido.
Aos 10 anos esta farsa se revela com a volta do  pai que retorna o convívio  famíliar. A convivência com  ele  tão severo e autoritário , levou Mário a  escrever a primeira novela. Leôncio Prado , anos 50. Colégio militar.
Para o pai,  literatura não era coisa para homem e os poemas de Mário vinham como para  desafiar  a autoridade paterna. A literatura era seu refúgio.
Varguitas vive na companhia dos  avós em Lima. É um jovem peruano de 18 anos. Com esta idade apaixona-se por tia Julia e era correspondido. Os dois passaram maus momentos diante da família muito religiosa e severa.
Neste tempo trabalhava na rádio Panamericana onde os locutores não eram argentinos. Colocavam no ar clássicos, mas também rock e jazz e havia preocupação com a qualidade das notícias.
 A outra rádio, a Central, tinha maior audiência, porque levavam ao ar, radionovelas compradas em Cuba, pelo valor de peso e não de qualidade. O sucesso foi maior com a contratação de Pedro Camacho que era um grande criador de personagens e um exigente diretor. Com o passar dos tempos, de tanto trabalhar dia e noite sem férias, acabou internado em manicômio e depois passou a fazer trabalho sob comando de outros, o que anteriormente era inconcebível.
Suas radionovelas faziam sensação pois era expert em incêndios, troca de personagens e ele mesmo se incluía no elenco. Cenas com tiros, brigas, navalhadas, bombas e mortes, muitas mortes.
O autor cria para os personagens de Camacho, enredos super instigantes e no final de cada capítulos, faz-nos a pergunta que remete á próxima apresentação.
Cria dramas familiares que nos fazem crer inspiradas nas pessoas e personagens enlouquecidos e leva os ouvintes a expectativas diárias.
Varguitas, tinha afinidades com tia Julia, e aos poucos se apaixonaram. Ela com o dobro de sua idade. Mário a pediu em casamento. Seu pai sabedor do pedido disse que iria mandar Júlia sair do pais e que se esse pedido se consumasse , lhe mataria como se mata um cachorro Frase essa muito ao modo de Camacho que passou a apresentar nas radionovelas temas agressivos, violentos e truculentos.
Marito então resolve viajar  com tia Julia e dois amigos,a fim de encontrarem um prefeito que fizesse o casamento. Com enorme  trabalheira encontram um prefeito que os casou.
 Voltando a cidade, Julia viaja para evitar confronto com o sogro e Marito passa a garimpar empregos para construir família.
 Seu pai, aceita encontrá-lo, já que suas exigências foram cumpridas  e Mário pode então explicar que não vai deixar os estudos e que se tornará advogado.
Tia Julia retorna e os dois vão morar numa pequena casa alugada onde ele pode escrever e viver seu amor.
Antes do casamento tia Julia quer que ele jure que pelo menos fiquem juntos por cinco anos e Má rio nos revela que foi além do que praguejava a família e do que jurou a Julia, pois ficaram juntos por oito anos. Depois do divórcio ele se casa, agora no religioso com sua prima irmã.