quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Vermelho Amargo


Vermelho Amargo

Bartolomeu Campos de Queirós

Ele sentia que a madrasta era uma intrusa e sem pedir licença entra no seu mundo afetivo. 
Ela  fatia os tomates e isso lhe chama atenção. Como a família é numerosa, ela habilmente corta fatias muito finas para que o alimento dê para todos. Na medida que a família ia diminuindo, as fatias do tomate iam aumentando. Logo na p.10 "As fatias delgadas escreviam um ódio e só aqueles que se sentem intrusos ao amor podem tragar". Quando a madrasta faz alusão ao garfo, ele pensa "garfo é arma... tal vez nos projetasse assassino.
Não sentia simpatia pela madrasta, isso fica claro.
Há muita poesia no livro de Bartolomeu:
"Atravessar do infinito ao infinito e alcançar o pleno azul, sobre a bicicleta do padre, negociada em pecado e segredo, tornava o céu mais viável". p. 11
"A mesma palavra que me devela, me esconde. Toda palavra é espelho onde o refletido me interroga". p. 12
"... eu buscava meu rosto e deparava com outro e me estranhava".
e outro trecho diz que seria necessário esquecer para experimentar a alegria novamente lembrar-se.
"Para escrever a palavra tomate, meu irmão precisava de um punhal". p.44
Sonha que se equilibra no arame, se imagina girando no globo da morte e se incendiando ao cuspir fogo.
"Nascer é abrir-se em feridas". p. 18 e comenta que a mentira que se forja para si próprio, seira uma forma para se aliviar.
"... No amor, emu corpo delatou a presença da alma, que veio morar na superfície de minha pele."
"... Quis ter uma bicicleta para me buscar muito depois de mim". p. 28
"Não dar palavras ao desejo é ocultá-lo na solidão. p. 48 e termina p. 60
"A memória suporta o passado por reiniciá-lo  incansavelmente".
"Esquecer é desexistir, é não ter havido". p. 65

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A Comédia dos Erros

         Há 25 anos, num naufrágio, a família de Egeu se separa. Ele é condenado a morte por burlar a lei  tentando  atravessar a fronteira em Éfeso. Era o ano de 1594.
         O livro narra o sofrimento dos servos, a posição submissa da mulher, a busca de identidade e a incapacidade das pessoas de perceberem pequenos detalhes, gestos, que certamente os informariam sobre quem é quem, mesmo nessas coincidências de nomes e aspectos físicos de quatro pessoas.
Quando Egeu estava para ser executado, ele conta toda sua história para Solino. O duque acaba perdoando-o.
         Sendo o dono irmão gêmeo e seu criado também gêmeo e todos com o mesmo nome, cria-se uma grande confusão, que é o tema engraçado da narrativa. Até mesmo Adriana confunde seu marido com o irmão dele.
         Muitas brigas e desentendimentos , diante de tantas semelhanças. Quantos equívocos! Quanta falta de atenção!
         Tudo se esclarece com a ajuda de Emília que acabaram por saber, ser ela a mulher de Egeu que havia desaparecido.




quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O Livro dos Abraços

O Livro dos Abraços
Eduardo Galeano

Numa linguagem simples que nos cativa logo nas primeiras linhas, Galeano vai contando histórias que acabam sendo as nossas histórias também. Quando estamos lendo "O LIVRO DOS ABRAÇOS", vamos traçando com ele nossas vidas cheias de momentos inesquecíveis. Logo na página quinze, o menino diz para o pai, diante do mar, o tão desejado momento: "Me ajuda a olhar!
O livro é cheio de casos interessantes como A Noite p. 90- "Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta."
Há uma diversidade de temas com textos maravilhosos onde conta sobre:
 *-o medo da ditadura e o medo daqueles que sabiam tanto e nada podiam dizer. Daí o medo de falar da ditadura que já terminara mas que ocultava a sujeira na memória.
*-o sistema que não funciona, terminando esse texto  "O dinheiro é mais livre que as pessoas.
                                                                                  As pessoas estão a serviço das coisas."
*-a forma como a TV escraviza o homem e faz dele um ser patético, sentado numa poltrona.
*-um poço mágico onde nele tudo se via. Ocorreu a Fernando que aquilo era a televisão.
*-Montevidéu, Nova Iorque, México, têm suas histórias.
*- um japonês que mudou seu nome sessenta vezes para comemorar seus sessenta aniversários e diz que se isso fosse no Uruguai, o japonês seria enjaulado como um louco.
Já no final da obra faz um belo pedido:
..."Não tenho nenhum deus. Se tivesse, pediria a ele que não me deixe chegar à morte: ainda não. Falta muito o que andar." e é um menino que diz:... - "Eu não quero morrer nunca, porque quero brincar sempre.!"
Como ilustração, o livro tem obras lindíssimas. São desenhos em nanquim. Não sei se são do próprio autor.
Gostei da leitura e Galeano encanta porque vem trazendo fatos que estão na sua memória e fala deles com o coração.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Artimanhas da Arte










 
  


                ARTIMANHAS  DA ARTE
                                                                                                            













A Academia Niteroiense de Letras tem hoje como presidente Marcia Pessanha. A história dessa Academia teve início em 1931 mas não se firmou. Foi em 1943 seu registro em Cartório de Niterói.
Em 1944  foi constituída de presidente, vice, secretário, tesoureiro e bibliotecário. Por quinze anos a Academia não funcionou.
Em 1988 abriu suas portas e permanece até hoje com programação semanal.  Há atividades: entrevistas, palestras, homenagens, congregando os acadêmicos e convidados num momento cultural
significativo para todos.
O livro do acadêmico Wanderlino Teixeira, intitulado "Dança das Cadeiras", conta com detalhes a história da Academia.
Foi com prazer que participei de um evento "Artimanhas da Arte", contando um pouco sobre minhas obras.

 
 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Final da leitura de Fausto 2ª Parte




2ª Parte de Fausto
                                                                 
GOETHE                                                    


Somos um grupo de leitura. Os comentários que  seguem são postados a título de colaboração .Eles estão sujeitos aos colegas que queiram acrescentar ou modificar o texto.

Final- 2ª Parte  Fausto de Goethe
3º Ato em Esparta –(pesquisa em Mitologia Grega)
MENELAU
Apresento -uma das versões da lenda – Menelau tem um irmão de nome Agamêmnon e é marido de Helena..O trono lhe foi entregue  e ele reinava em Esparta quando sua mulher foi raptada por Páris, ocasionando a Guerra de Tróia
Numa acasião,Menelau teve  que viajar para o enterro de seu pai e Helena ficou com Páris . Quando Menelau voltou a Esparta, os dois haviam fugido.
Na expedição contra Tróia , os gregos queriam Helena de volta e entraram  armados dentro de um cavalo de madeira- O cavalo de Tróia- Os troianos comandados por Páris, enfurecidos queriam matar Menelau.
Páris faleceu, e Helena casou-se novamente.
 Menelau matou o marido de Helena e arrastou-a como prisioneira. Depois de destruir Tróia, Menelau voltou com Helena à Grécia. Sua nau foi levada pela tempestade para o Egito e lá ficaram por 5 anos. Regressou a Esparta com Helena, depois de 18 anos .
HELENA p.345-contando de sua infância:
“Raptou-me. Esguia e tenra corça de dez anos,
E encarcerou-me na mansão de Afídnus, na Ática”
Ela é filha de Zeus e Leda. Muito nova, foi raptada e ficou na companhia e Teseu.
Quando Teseu partiu para o inferno na tentativa de raptar Pesséfone, ele deixou sua mulher em Áfidna.Os habitantes de Deceléia na Ática  , souberam e foram com os Diôscuros invadiram o esconderijo e levaram Helena de volta.
Tíndaro o pai de Helena ofereceu sua filha em casamento. Havia muitos pretendentes: o escolhido foi MENELAU.
Helena era mulher lindíssima e cobiçada por Páris.
Afrodite prometeu que Helena poderia ser dele, se Páris desse à ela o prêmio de beleza num concurso entre Afrodite, Atena e Hera.
Cumprindo o que se desejava, Páris foi visitar o casal Menelau e Helena , fugiu com ela levando todo o tesouro de Menelau e os dois foram morar em Tróia.
P. 343 de Fausto- Os coristas Individuais:Tórquias fala-
“ Trata de seduzir Tirésias, o decrépito”
TIRÉSIAS- é adivinho e ao ver duas cobras copulando tento separá-las e feriu uma delas : ele virou mulher. Numa outra ocasião viu novamente duas cobras copulando e as separou; ele voltou a ser homem.


Zeus e Hera discutiam para decidir se o homem ou a mulher sentiam maior prazer no ato sexual e foram consultar o adivinhoTírésias que disse ser a mulher. Hera ficou furiosa que o velho havia revelado um dos segredos  do sexo feminino e castigou o adivinho com a cegueira.
Zeus o premiou com vinda longa.
Menelau e Ulisses foram a Tróia pacificamente pegar Helena de volta. Páris não concordou e entraram em guerra., que durou 10 anos. Com a vitória dos gregos, com o famoso Cavalo de Tróia.



Helena p,353
“Quê! Do rei Menelau temerei que se exceda
A ponto de infligir-me cruelmente dano?”

Fórquias: falando sobre  como Menelau mutilou o então atual marido de Helena:
“Como ele mutilou atrozmente,teu Deífobo,
De Páris, morto em luta, o irmão, já esqueceste?
Que, pertinaz, do mano a viúva pretendendo,
Lograra a teu favor? Orelhas e nariz
Cortou-lhe e mais o mutilou. Vê-lo era horror” p.353

A fuga:
Numa tempestade quase todos morreram mas a nau de Menelau rumou até o Egito e ali o casal morou dois anos.
p.338 “...Trouxe-a aqui, trouxe-a de volta,
           Para o velho, reornamentedo
           Pátrio lar...”
Na ligação de Fausto com Helena  é de natureza mais elevada e espiritual, onde não há paixão.Então após o pacto com o diabo, já com seus erros pagos pelos sofrimentos e com seu ideal frustrado, após a morte de Helena ele ainda pensava que os trabalhadores estavam em atividade para realização de seu sonho:
“Com rogo e mando
Contrata obreiros às centenas,
Promete regalias plenas,
Paga, estimula, vai forçando,
De dia em dia deixa-me informado
De como se prolonga a obra do cavado” p.435
Mefistófoles:
“Trata-se disso tive a nova,
Não de um cavado, mas – da cova” p.435

É sua morte- ...”Venceu o tempo, o ancião na areia jaz.
                            Pára o relógio” p.436
Mefistófoles discute com os anjos porque ambos querem a alma de Fausto, mas os anjos o levam. P.443


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Mais um pouco de FAUSTO


Mais umas considerações sobre a leitura De Fausto de Goethe, tradução de Jenny Klabin Segall
" Da fantasia  armai o vasto coro,
Tino, emoções,paixão,sorrisos. choro,
Mas que não faltem chistes e doidice" isto Fausto faz no livro e está na fala do Bufo. p.30
O diretor completa: "E muita ação"... p.30 - o diabo não deixa quieto!
E vamos seguindo a bela e poética tradução de Jenny Segall...
É Fausto assim tão atual? nossa constante busca de conhecimento e a frustração de nada sabermos!
'...E vejo-o, não sabemos nada"!....p.41 na fala de Fausto
Seria o diabo  a outra parte de Fausto? Há quem diga que sim." Sou eu, Fausto, o teu igual" p. 45
p.43- ("Abre o livro e avista o signo do Macrocosmo) depoia avista o signo do Gênio da Terra) e na p. 44  quase no final de sua fala; "Espírito implorado,
Sinto que ao meu redor estás flutuando, enfim!" e enuncia o signo do Gênio"...
Qual seria a importância do Pentagrama no livro e nas questões religiosas da época?
Fala de Sócrates, Espinosa e Descartes. Penso logo existoX Sinto logo existo.  O que Goethe pensa sobre isso? Sobre o conhecimento?
O que estaria falando - alquimia- tranformação da matéria em ouro?
Ciência e Fantasia como explicar?
A sabedoria de Mefistófeles: "Isso se arranja, amigo, sem pesares;
Hás de saber viver, assim que em ti confiares."p. 95
No "O drama Alquímico de Goethe, Adam MsLean comenta:"...Fausto é também um representante dos europeus do norte em sua luta por evolução a partir das retrições e limitações da Reforma do séc. XVII para as novas aspirações da humanidade que Goethe viu desenvolver durante o iluminismo do sec. XVIII.
... O conto de fausto é uma alegoria da transmutação interior da alma, em que diferentes polaridades emergem e se juntam".
Quando a Dama fala: "Luna e Endimião! é um quadro, uma pintura!".p.266
,  O Endimião é um poema longo escrito em abril de 1817 e publicado em fins de abril de 1818. Cuida dos amores mitológicos de Febe (a lua) e Endimião. São quatro livros
O Homúculo qua fala na redoma a Wagner  e fala de vidro(redoma) e artificial, que não entendi(seria a ciência, o laboratório?).
Ele parece ser o oposto de Fausto pois é um ser de alma e espírito mas não tem corpo. O autor fala nele em vários versos e se fala que Homúculo seria o caminho que o homem segue procurando satisfação, conhecimento, solução para suas angustias, mas que tudo está no próprio interior de cada ser humano. Será?
Vamos discutir todos esses pontos e muitos outros, no próximo "Encontrando Fausto"!