segunda-feira, 25 de março de 2013

"Grande Sertão: Veredas " de Guimarães Rosa




          Grande Sertão:Veredas
De Guimarães Rosa

Riobaldo narra sua história. Relembra o passado de jagunço, seu casamento com Otacília, o amor impossível a Diadorim, o pacto que fez com o diabo pedindo ajuda na vingança contra Hermógenes,
Mora às margens do São Francisco, no baixo do ponta da Serra das Maravilhas entre esse e a Serra dos Alegres , numa tapera dum sítio do Caramujo, atrás das fontes do Verde, que verte no Paracatú, perto da Vila Alegres e faz parte do bando chefiado por João Ramiro. Vivem em constantes lutas com seus rivais.
Faz comentário sobre o delegado e seu capanga:
   “...o ruim com o ruim, termina para as espinheiras se quebrar.” P.17
       “... nunca vi cara de homem fornecida de natureza e maldade mais, do que nesse.” P.18
Sobre a vida no sertão:
       “...sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier que venha armado!” p.19
Conta que numa desses ataques no distrito de Rio-Pardo, uma bala o atingiu e ele se embrenhou pelas matas com muito medo e pensando em Diadorim.
“...mas Diadorim é a minha neblina...”p. 36
Riobaldo ficava indeciso em amar ou não Diadorim por se tratar de um homem. Ficava confuso pois o amigo era forte/frágil, corajoso e delicado.
“... a raiva incerta, por ponto de não ser possível dele gostar como queria no honrado e no final.” P.39
Relembrou com seu amigo Quelemém que quando era menino Diadorim o ensinou a atravessar o Rio São Francisco com muita coragem e que na idade madura aconteceu a mesma coisa.
Fala sobra a ruidade do homem e relembra
       “... toda saudade é uma espécie de velhice.” Disse certa vez para Diadorim e ela com muita raiva deu seu pronunciamento:
“Tem discórdia não, Riobaldo amigo, se acalme.” P.40
“Abracei Diadorim, como as asas de todos os pássaros. Pelo nome de seu pai, Joca Ramiro, eu agora matava e morria, se bem.” P.41
Então agora sabemos que tanto Diadorim quanto Riobaldo, querem vingar a morte de Joca Ramiro.
Neste bando todos trabalhavam para o cruel Medeiro Vaz que nunca esmorecia e colocava todo seu bando à perigo. Ele, quando jovem, recebeu uma grande fazenda. Mas vieram os jagunços e cometeram desmandos desrespeitando mulheres e crianças.. Ele revoltado ateou fogo na fazenda, abandonou tudo e saiu pelo mundo para impor justiça. Foram guerrear no fundão da Bahia.
       “Daí, se desceu mais, e, de repente, chegamos numa baixada toda avistada, felizinha de aprazível, com uma lagoa muito correta, rodeada de buritizal dos mais altos: buriti verde que afina e esveste, belimbeleza.” P.45
Prosseguindo Diadorim conta que quando fora escalado para sentinela, Diadorim veio lhe fazer companhia e lhe disse que em momentos de dificuldades  ele se lembrasse de sua mãe e de Joca Ramiro.
Continuando conta que entraram em muitos arraiais, matando, furando os olhos, cortando línguas e orelhas. E se pensava que todos vieram do inferno para fazer isso com as pessoas.
       “Viver é muito perigoso.” P.49
Entraram pela mata e mais tarde falaram em dormir, Antes disso Diadorim fala:
         "Pois dorme, Riobaldo, tudo há de resultar bem..." p.50
Embrenhados nas matas, cheios de fome, os homens de Medeiros Vaz mataram um macaco para alimento. Logo concluíram que não era um macaco que comiam mas sim José Alves, inteiramente nu, vagando pelas matas.
E Riobaldo continua contando o que lhe ocorreu quando era jagunço e se apaixonou por um amigo, que não poderia gostar assim daquele modo dele. Fala de seu chefe do bando Medeiros Vaz  sempre perseguido pelos soldados do Governo. Riobaldo passou a respeitá-lo e também percebeu quando ele vinha meio doente. Escalado, parte pra combate e diz que só no último derradeiro é que clareiam a sala.
        "Digo: o real não está na saída e nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia." p.64
Em conversa vai enumerando todos os jagunços que morreram.
     "  ...a Bahia estava cercada nas portas." p.68
Aos poucos vamos percebendo que Riobaldo narra sua saga mas o autor nos leva a crer que estamos combatendo juntos, no presente e, não que o texto fosse o protagonista relembrando.
Procuramos por Medeiros Vaz mas ninguém sabia dele
       "Agora, por aqui, o senhor já viu: Rio é só o São Francisco, o Rio do Chico.  ...O resto pequeno é vereda." p.74
Medeiros Vaz morreu em dia de chuva e escolher outro chefe foi motivo de muita prosa. Falou-se em Riobaldo, em Diadorim mas o indicado foi Marcelino Pampa.
Diadorim dizia palavras delicadas:
       "Eu precisava. Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto." p. 84
No outro bando tinha um homem grande e forte , de nome Davidão, que passou a ter medo de morrer e aí narra uma história inventado por um homem, dentro do seu relato. Riobaldo se encantou com as ideias que tiveram  que perguntado sobre qual foi o fim dos dois personagens respondeu:
       "Pelejar por exato, dá erro contra a gente. Não se queira. Viver é muito perigoso..." p.85
Chegou ao bando um homem mais cinco jagunços. Era Zé Bebelo, que reconheceu Riobaldo e quria se unir ao bando para vingar a morte de Joca Ramiro. Ele considerou: ...então cá é meus exércitos..." p.89 e acrescentou;
       "Só sei ser chefe." p.90
Marcelino Pampa e todo o bando concordou e ele foi logo dividindo os pertences de Medeiros Vaz, .passou a saber da história de cada jagunço e a ter conhecimento sobra as gerais. Fez planos de ataque e era chefe temido e corajoso. Denominou-se Zé Bebelo Vaz Ramiro. Dividiu o bando e convocou a todos para atacar o inimigo mas que fossem todos "... devagarinho, feito rondando quarto de doente." p. 96
Ao moço Riobaldo também contou que gostou de Nhorinha, garota de programa e que ela havia lhe escrito uma carta que demorou oito anos para chegar as suas mãos, através de um homem que tinha doença de toque p. 99. A carta veio suja, rasgada, mais que lida. E que nesse tempo ela já poderia ter se casado ou morrido.
Riobaldo passou a narrar sua história quando conheceu um amigo, os passeios que fizeram juntos e o autor faz aí uma bela descrição das belezas dos lugares as margens do de-Janeiro- flores, pássaros. animais, até chegarem ao Chico e do medo que sentiu quando o canoeiro disse que aquela embarcação era feita de peroba e que se virasse afundava toda. O menino corajoso, companheiro no passeio, disse:
       "Carece de ter coragem..." p. 106
Diadorim pediu ao conoeiro que parasse e foi com Riobaldo para a vargem, sentaram e comeram. Riobaldo teve vontade de urinar e o amigo lhe pediu que fosse para longe dali, Saíram daquele lugar quando chegou um homem que fazendo troça dizia que queria também. Diadorim chamou-o para bem perto , sacou de sua faca e atingiu o homem que saiu correndo dali.. Diadorim perguntou se ele nunca tinha medo e, ele respondeu:
        "Sou diferente de todo mundo. Meu pai disse que eu careço de ser diferente, muito diferente,,,"p.109
Diadorim continuou contando que sua mãe morreu num dia de chuva.e com a morte dela sua vida se modificara..
        "Amanheci mais" p.111
Mais tarde partiu com uma rede, uma imagem de santo de pau, um caneco, um cobertor e uma muda de roupa. Foi com seu vizinho que o levou para a Fazenda São Gregório, do meu padrinho que me recebeu dizendo:
        "De não ter conheciso você, destes anos todos, purgo meus arrependimentos." p.111
Meu padrinho gostava de contar casos.
E Riobaldo continuo contando ao moço que quando os bandos chegavam nos locais, invadiam, saqueavam, roubavam, matavam e mandavam tocar o sino da igreja. Também soltavam os presos. Meu padrinho queria que eu aprendesse a atirar e também me mandou a Curralinho para aprender a ler.. fala também das mulheres e conta que aprendeu muitas safadezas.
Meu tio vinha me ver e trazia doces de burití, aratiaím, requeijão e marmelada.
narra que quando seu padrinho morreu lhe deixou duas fazendas.
Quando cheguei em Curralinho meu tio vinha me buscar e aí presenciei cena onde seus homens que não eram jagunços mas também encomendavam serviços a políticos.
Certo dia o bando de Joca Ramiro chegou e queria ficar ali. meu padrinho os encaminhou para o pôço do Cambaùbal e logo mais homens chegaram em seus cem cavalos. Ali devia estar os homens mais temidos do sertão e eu os conduzi até o local indicado por meu padrinho. Logo chegaram os tropeiros com um lote de dez mulas com os cargueiros e só depois meu padrinho chegou com Joca Ramiro.Eles partiram a noite.
eu padrinho tinha admiração e fazia elogios ao Joca Ramiro, como sendo homem corajoso, bonito, forte e dada essas qualidades seu bando poderia
        "...impor caráter ao Governo." p, 121
Riobaldo fala de saudade e tristezas em seus versos. Conta também que seu padrinho Selorico Mendes o tratava muito bem e que nem de trabalhar ele carecia. Dava dinheiro e o considerava. Ouviu falar que seu padrinho era seu pai.resolveu partir dali e foi para Cirralim p,123
pensou que poderia ir para diversos lugares mas considerou que se fosse para casa de conhecidos, seu padrinho iria saber e viria buscá-lo mas uqe era isso mesmo que Riobaldo queria.
Um dia pediu a Seu Vupes:
        "Seo Vupes, o senhor não quer me ajustar, em seu serviço?" p.125
Níquetes!, era o que ele sempre dizia.
Saiu dali e foi para a casa de mestre Lucas que me perguntou e eu disse que havia saído da casa de meu padrinho porque queria estudar e começar vida nova. Mestre Lucas respondeu:
        "Riobaldo, pois você chega em feita ocasião!" p. 126
É que Mestre Lucas precisava de alguém que ensinasse muitas matérias. Riobaldo foi até o Palhão e avistou o dono. Ele era o Zé Bebelo que queria as aulas. Em um mês já havia aprendido tudo e podia até ensinar. Eles ficaram amigos e Zé Bebelo queria-o como secretário, pois ele queria ser deputado. Quando Riobaldo ouvia a fala da proposta política "Ia me enojando. Porque completava sempre a mesma coisa". p.131
Entretanto foi se acostumando aquela vida com mulheres, roupas e sapato.
 O bando de Zé Bebelo partiu e ele me queria por perto com canete e papel para anotar tudo.Muito alegrava aquela vida de um dia estar aqui, noutro acolá., até chegarmos em Pedra- Branca, onde fiquei.
Ele veio contando que em Brasilia tinha visto Hermógenes, mas que na batalha ele acabou fugindo.
Via aquela gente sofrida e tinha muita pena deles. Zé Bebelo disse que não carecia de ter pena pois:
       "O que demasia na gente é a força feia do sofrimento, própria, não é a qualidade do sofrente." p.134
Enquanto cavalgávamos perguntei sobre Joca Ramiro. Ele fêz alguns comentários elogiosos  a bravura e perícia dele. No caminho entre o Condado e a Lontra, foi só fogo cruzado, muita briga e acabamos vencedores.
Riobaldo diz que estava na batalha e fugiu pois que não concordava com as atrocidades. Bem que poderia ter comunicado a Zé Bebelo. Viajou num rumo incerto e deitou com uma mulher. p.136 Para eu voltar ela iria ascender uma foguera. Fui ao encontro do pai dela. Ele fêz muitas perguntas, disse que não gostava de soldados e perguntou a Riobaldo sobre Joca Ramiro e ele disse que lhe era fiel e que então não poderia ficar com Zé Bebelo. Contou algumas coisas a respeito de seu padrinho. Ele me hospedou a contra gosto. mais tarde chegaram três homens a quem ele contou tudo que Riobaldo havia falado. Eles também fizeram perguntas e queriam saber porque eu não oa ao encontro de Joca Ramiro. Mais um tempo se passou e chegou outro homem e esse ers o MENINO. p.138
Parecia que ele não queria entrar na amizade.
Era matança para todos os lados e Riobaldo - " eu não pertencia não se chegava e parecia não guardava fé e nem fazia parte." p.142
Fala de Diadorim:
       "Era ele estar perto de mim, e nada me faltava." p.146
Saímos para Serra-da-Onça, onde teria tropa de soldados. Ficamos cinco dias na casa do preto, aguardando hora de avançar com as armas. Saímos da casa do preto e andamos tr~es léguas  e veio Titão Passos a fazer perguntas e já iríamos enfrentar a tropa de Zé Bebelo e todos que nos viam enviavam a ele denúncias pois que todos queriam matar os jagunços.. Mesmo morrendo queríamos chegar com as armas até Joca Ramiro. Eu sabia de muitas coisas deles mas não queria trair Joca Ramiro. p.150
Pensei - quem eu era. De que lado estava-  de Zé Bebelo ou Joca Ramiro.
       "Eu era de mim," p.151
Titão Bastos disse que eu lhe servia bem e que se encontrasse os homens de Joca Ramiro, era para falar com eles  que eu estava levando essa tropa. Fiquei todo orgulhoso mas logo Titão disse que se eles descobrissem que fui eu um desertor, que eles me matariam. e se gente do Zé Bebelo passasse ali armada me pegavam. e Riobaldo ficou com muito medo.. Aos poucos o medo foi passando e pela manhã só fiz o que achava melhor. De mim vinham uns rangidos feito que eu tivesse ira de todos.. Reinaldo pensava que eu estava amofinado mas eu não estava e quanto mais eu mostrava minha dureza, mais perto de mim ele chegava e foi num desses momentos que ele fêz a revelação de que seu nome era Diadorim e queria que o amigo o chamasse assim.
Saímos para a barra :
       "A amizade dele, ele me dava. E amizade dada é amor." p.156
Quando Riobaldo relembra quando conheceu Otacília, lembra-se também como conheceu Diadorim

Foram até o campo de hermógenes, aquilo era um inferno, mas com três dias me acostumei.
A noite um pé de fogo e conversas. Algu´em explicava os combates com Zé Bebelo e nós o nosso. p.159
Um homem se engraçou com Diadorim e ele lhe deu uns sopapos e eu peguei meu revólver mas não carecia de briga no momento..depois os dois morreram e todos achavam que fui eu que matei.
Fui jogar bilhar e Aduvinho me ensinava, e os outros riam e me punham apelido.
       "No que foi, no que me vi, no acampo de Hermógenes" p. 163 em situação de guerra. Me aceitaram. Vi como eles afiavam o facão nos dentes e queriam afiar o meu facão Também nos meus dentes mas reagi:
       "Eu acho que, para se ser valente, não carece de figurativos." p.165
Riobaldo conta que lá tudo era fartura em comida e monições. Nem precisava carregar aquelas armas todos pois ali tinha de sobra.
Era 1996, quando os serranos atacaram , invadiram e tomaram São Francisco. Os homens reagiram e o combate durou 3 horas. O Hermógenes mandava em nós todos. Mas uns 50 obedeciam a João Goanhá e um outro grupo ao Ricardão. Vinha também Sô Candelário com seus homens e se esperava pelo chefe maior- o Joca Ramiro.
O regime de Zé bebelo era totalmente diferente pois tudo se tratava em segredo. Um dia pegaram todos os animais para pastarem em Ribeirão Poço Triste mas para mim esse nome era inventado para enganar. Tive que entregar meu cavalo e seguimos a pé mas eu fiquei desconfortável tendo que carregar muitas coisas. Então perguntei pra um dos homens onde colocar tantas coisas no que ele respondeu para eu jogar fora. Quando eles preparavam o churrasco eu não gostava daquilo e queria sim aquele guisado bem preparado, frango com quiabo e me veio saudade de São Gregório. Diadorim percebeu tudo:
       "Riobaldo, tem tempos melhores."p.169
Guardava meu dinheiro que Zé Bebelo nos pagava direito.
Pensa em matar Hermógenes e se pergunta como pode Joca Ramiro ter um homem assim em sua tropa. Diadorim entretanto acha que Hermógenes é fiel.
Zé bebelo enviou um homem para espreitá-los e ele foi morto. Entendi um pouco mais a jagunçagem. Sô Candel´rio era homem bom mas incentivava seus jagunços à maldade.
Não queria que os homens percebessem que dou mole mas sentia que não nasci pra ser jagunço.
Hermógenes marava para seu próprio prazer.Às vezes olhava seus olhos , suas mãos,  percebia sua maldade e tinha nojo dele. Comparava-o a Zé Bebelo  de quem eu gostava como se fosse um pai. Torcia para que ele vencesse sempre pois  achava o mais correto. Queria que ele acabasse com os jagunços.
Quanto a Hermógenes , Diadorim dizia que para combater com Zé ebelo e os cachorros do Goverso era preciso ser assim como Hermógenes.
Confirmei meu pensamento de que eu era diferente de todos dali.
Um pai jagunço de nome Antenor, homem muito ligado ao Hermógenes, queria saber que apreço eu tinha de Joca Ramiro
Observando como o bando se comportava, comecei a pensar que Joca Ramiro não devia ficar tanto tempo assim longe , pois seus jagunços pensavam que ele os havia abandonado. É que por ser homem muito bem relacionado, ele ficava na casa de políticos e fazendeiros. O que se falou também é que Joca Ramiro estava conseguindo coisas e punha toda confiança em Hermógenes, p.178

     









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sexta-feira, 22 de março de 2013

Ilíada e Odisséia de Homero




          

Mito e realidade.
Muito difícil entender e assimilar tantas informações mesmo através das ótimas explicações do professor. Mas como somos muitos, acabei criando coragem para dar umas notícias que são passíveis de críticas e possíveis  correções.
Dito isto vamos a Homero que nos chega em aula de Filosofia.
 Poeta cego que certamente já ouvira o mito contado de geração em geração, chegando até seu tempo. Viveu no século VIII a.C e seus versos contam a história da Grécia Antiga.
Escreveu Ilíada e Odisséia . Páris, filha de Príamo, rei de Tróia rapta Helena, esposa de Menelau. Seu irmão Agamémnon, caminha com suas tropas que segundo a lenda, queriam resgatar Helena. Lutam por 10 anos até a queda da cidade.
Parece-me que há também um dado de realidade e Homero em sua narrativa  esclarece que em Hélade havia pouco estanho e o bronze era o metal nobre na época de Homero. Então, Ilíada seria um poema histórico, real na busca de estanho.. Os gregos acreditavam na Guerra de Tróia e tudo indica que Homero tenha se inspirado nessa história de 1.200 a.C. À tradição oral  acrescentava-se dados de realidade e Homero escreve dois poemas sendo que nesses versos, a história social, religiosa e política se mistura por diferentes civilizações e tempos.
Historiadores questionam se Homero não seria também uma lenda.

        A ILÍADA E A ODISSEIA

       "Os poemas homéricos resultam. pois, de um longo, mas progressivo desenvolvimento da poesia oral,            em que trabalharam muitas gerações. Usando significantes dos fins do século IX e meados do século VIII , a.C., épocas em que foram, ao que parece, "compostas", na Ásia Menor Grega, respectivamente a Ilíada e a Odisséia, o poeta nos transmite significados do século XIII ao século VIII a.C. O mérito extraordinário de  Homero foi saber genialmente reunir esse acervo imenso em dois insuperáveis poemas que, até hoje, se constituem no arquétipo da épica ocidental." (Brandão, Junito 1991 Mitologia Grega p.118)
Em Ilíada, Homero narra a Guerra de Tróia em cerca de 15.600 versos.
Entendemos que Ulisses foi com seus homens (muitos), os helenos, na busca de estanho. Ele deixou sua mulher Penélope e seu filho que acabara de nascer. Entre lutas e muita matança esses homens ficaram dez anos, quando Homero  conta em 24 cantos, a volta de Ulisses para casa. Queria encontrar seu filho agora com 20 anos e rever sua mulher. Soube entretanto que muitos homens já haviam dilapidado seus bens e queriam levar sua mulher, cada qual a queria como esposa.
       Sua volta foi cercada de contratempos já que Ulísses cega o filho de Posídon e este quer castigá-lo.      Seus homens também são perseguidos pelo deus Hélio, pois famintos devoraram as vacas daquelas pastagens.
       Numa reunião de deuses sem a presença de Posídon eles decidem que Ulisses deve voltar para Ítaca.    O filho partiu para encontrar o pai Ulísses. Ele estava numa ilha e Hermes dá ordem a Calipso para deixar Ulísses partir. Ele faz  uma jangada e vai, Mas há tempestade e ele fica só, no meio daquela tormenta.
Depois de resolver mais outros problemas como foi o de ver Ciclope  Polifeno  devorar seus companheiros. Ulísses lhe dá bebida e fazem com madeira uma arma que fura o olho de Ciclope e sua viagem de volta fica ainda mais difícil pois Posídon o persegue.
       A feiticeira Circe  transforma seus poucos companheiros em animais e depois lhes dá novamente a vida. Circe é filha do Sol.
Depois Ulísses é tentado pelas sereias.
       Quando chega a Ítaca encontra o filho e ambos tramam a matança dos pretendentes Passa por constrangimentos as vistas dos pretendentes que se divertem instigando um pedinte a brigar com Ulísses.
       A velha ama ao lavar os pés de Ulísses o reconhece pela cicatriz na perna. Mas penélope segue e propõe que aquele que conseguir armar o arco e passar a flecha pelos orifícios de doze machados em fila, esse será seu marido. Só Ulísses consegue. Os pretendentes são mortos e suas famílias querem vingança.        Tudo entretanto, graças a Atená volta ao normal.
Mitologia Grega - Volume 1 - Junito De Souza B. - Sebo Brisa

Consulta: Dicionário de Mitologia Grega e Romana de Mário da Gama Kury - Jorge Zahar Editora 1990
                Mitologia Grega de Junito de Souza Brandão Vozes- Volume I  1991
                               

terça-feira, 19 de março de 2013

João Guimarães Rosa



                                        Guimarães Rosa -
Aprendeu muito cedo:  francês, holandês, alemão, finlandês sueco e grego. Sabia também árabe, hebraico e japonês Fez o curso secundário em Belo Horizonte e aos 16 anos, em 1929, foi para o Rio estudar medicina, formando-se em 1934.
Estudioso e capaz foi encorajado a ingressar na carreira diplomática e assim  em 1934 fez concurso para o Ministério do Exterior. Serviu como cônsul adjunto em Hamburgo. Foi internado em Baden-Baden quando o Brasil declarou guerra à Alemanha.
Favoreceu a fuga de judeus perseguidos pelo nazismo.
Ainda muito jovem observava a nossa fauna e flora, ao levar gado para fazendas em Minas Gerais. Sua atenção voltada para o modo de viver do povo e as nossas riquezas naturais, serviram de inspiração para em 1956, escrevesse Grande Sertão:Veredas. O vocabulário utilizado na narrativa é próprio do homem do sertão com palavras diferenciadas, bem próprias daquela gente simples.Ele inventa palavras com liberdade e magia e diz ser esta obra, uma "autobiografia irracional". Escreve de modo que nos faz curiosos dado o ritmo que empreende a sua narrativa.
Em 1963 passa a fazer parte da Academia Brasileira de Letras, onde tomou posse uns dias antes de sua morte

.

Trata em seus textos do sagrado, do divino, de Deus e também do diabo. Trata da realidade, trazendo suas impressões da vida e da fala do homem do campo, renovando a linguagem regionalista. Muitas vezes é surrealista.
Nasceu em 27/06/1908 e morreu em 17/11/1967.
O livro proposto para leitura em grupo é Grande Sertão: Veredas e para entendemos essa leitura é importante situarmos-nos na cultura brasileira- um pouco de mitologia , muita poesia e um ritmo que nos
prende ao texto. Ele fala do sertanejo e seu modo próprio de se expressar.
"Me revejo de tudo, daquele dia a dia", diz Graciliano.
"Sertão é isso, o senhor sabe: tudo incerto, tudo certo."








sábado, 16 de março de 2013

Papa Francisco




        O novo papa é jesuíta - para uns da igreja isto é ótimo e para outros é um desastre.
        O novo papa se deu o nome de  Francisco. Vai novamente contrariar uma ala da igreja já que Francisco, o santo, sempre esteve voltado para as causas dos excluídos da sociedade.
       Como será esse novo papa?
       Fiquei pensando se ele pudesse, por conta própria, conduzir seu mandato e  num rasgo de consciência humanitária repartisse os bens do Vaticano.Sem demora, rapidamente; assim como quem já pensou nesta possibilidade com todo o cuidado.
Charge papa
Charge de Alpino pós renúncia de Bento XVI.
        E como se isso não fosse suficiente, ele convocaria todos que fazem importantes colaborações para ele e para o Vaticano, que empregassem suas doações  em escolas, erradicando o analfabetismo nos países em desenvolvimento e construíssem espaços de lazer e recreação para tantas crianças no mundo. Que essas pessoas generosas adotassem pequenos lugarejos onde há fome e graça a miséria. Para surpresa geral, os cardeais no conclave em  apoio, dispensariam também suas roupas, riquezas e andariam com chinelas e trajes franciscanos (incluo comentário sobre conclave, de Oliveira Viana em "Pequenos Estudos de Psicologia Social" p. 69..."abandonem o gosto por essa atividade discreta, misteriosa, invisível, passada toda ela no sigilo dos conclaves partidários").
       Francisco, o novo papa, pediria mais uma vez desculpas ao povo, pelas tragédias que a igreja de Jesus Cristo causou aos homens aqui da terra. Ele falaria com tanta transparência e sinceridade que todos ficariam pensando na sua própria vida e o quanto podem fazer por seus subalternos, empregados, dependentes para os tratar com humanidade e respeito. Haveria um momento de introspecção e reflexão no mundo inteiro. Como que sofrendo um terremoto todos acordariam para o hoje.
       Recorrendo a arte, fica claro o que Velázquez em 1650  pintou: O Papa Inocêncio X, obra que mostra, com riqueza de detalhes, a renda alva e delicada, o brilho da seda vermelha na veste do papa. Coisa muito linda é o trono, o chantungue das cortinas e o anel que beijamos em reverência ao poder do representante da igreja.




 Arte Pintura Surrealismo Francis Bacon Papa Inocencio Velazquez
 Pintura de Francis Bacon que é um dos estudos do retrato  de Inocêncio X de Velázquez
Francis Bacon- 1909/1992
 "O mundo de Bacon não se esgota em seu espetáculo de perversão, mas entra com todos os seus artifícios na nossa consciência. A certo ponto, tornamo-nos conscientes de que o esquálido caos representado pelo pintor é uma realidade que palpita sob muitas aparências habituais e ccorrompidas."(Carluccio citado por Argan, 1998, p.653, Arte Moderna)
      Francis Bacon faz cerca de 54 releituras da obra de Velázquez - Papa Inocêncio X -  retratando a história terrível que a igreja viveu . São obras de grande impacto que mostram um pintor totalmente engajado.







sexta-feira, 8 de março de 2013

DIA INTERNACIONAL DA MULHER





                   Imprudência
                                      

A sombra cobria o rosto
daquela bela mulher.
Seu desejo nunca fora contrariado.
 Foi pensando assim
que desceu lentamente aquela pequena
e estreita rua,que a levava até a praça.
 Haveria de encontrá-lo
e cometeria um requinte de imprudência
sem nem mesmo saber do que se tratava.
Tinha os cabelos negros, compridos e bem tratados;
unhas feitas em vermelho; vestido curto e justo
 que mostrava suas curvas bem definidas.
Estava levemente maquiada.
Os homens em pequenos grupos
na alameda, sob as árvores,
contavam casos e flertavam
com as mulheres.
 Estas passeavam pela rua
de braços dados  em perfeita sintonia.
O namorado chega e ao cumprimentá-la
aproxima seu rosto para perto.
Num instante ela lembra-se da imprudência
e lhe dá um beijo na boca, de língua.
Naquela época,
isso era um escândalo!


       

quinta-feira, 7 de março de 2013

Bispo do Rosário


Bispo do Rosário morou muitos anos na Colônia Juliano Moreira e foi beneficiado com a proposta de Nise da Silveira que no lugar da lobotomia, preferia oferecer aos pacientes, oportunidade de criar.
Participou (após sua morte) das  exposições:  Bienal de Veneza em 1995 e também em 2003 seus trabalhos estavam num Museu em Paris.
Bordava, colava, pregava a partir de objetos já prontos e construía sua obra: vestimentas, mantos envolvidos em fios e tramas que eram artisticamente elaborados mostrando sua sensibilidade, delicadeza e criatividade.
Bispo do Rosário é referência na arte contemporânea brasileira.

Muito me inspirei na obra fantástica de Bispo do Rosário. Seu fazer remetia aos retalhos de costura de minha mãe, aos pequenos objetos com os quais brincava na infância e aos bordados exigidos pela professora de ginásio, nas aulas de dona Guigui, no Colégio Alvorada em Natividade.
Como já havia resgatado da infância, a bucha vegetal,  agora tornava-se prazeroso costurar, tingir, colar e criar obras para o Carnaval.
Na Série "Carnaval dos Sonhos", uni o orgânico da bucha, com o brilho dos paetês e lantejoulas, utilizados nas fantasias e carros alegóricos que desfilaram no Carnaval.




       


 Luzia Veloso


           

            Na obra de Luzia Veloso, percebemos que a bucha vegetal é elemento mediador da artista com sua imaginação, um lugar entre “algo” objetivo e “algo” subjetivo. Luzia entrou em sua matéria e  através dela tramou um “caminho de peles” de buchas que ora joga o olhar para o micro universo, ora nos dá o macro como uma outra possibilidade.  Sua obra mostra uma intimidade com a bucha vegetal, como também nos revela o aspecto profundo da relação entre a artista e a sua arte.   Cada trabalho dá a bucha uma nova dimensão, a da mais pura abstração onde a cor e a forma são inseparáveis, uma dá sentido à outra.
            Em alguns trabalhos a bucha foi esgarçada até chegar ao seu mínimo como matéria para depois voltar a ser enrolada criando um novo sentido para sua existência. Em outros há um acumulo de fragmentos que levaram anos de pesquisas até chegarem a um formato que tende ao infinito, os trabalhos parecem poder crescer continuamente, num arranjo de pequenas unidades idênticas que se repetem, mas que não perdem sua autonomia. A parte é o todo e o todo é a parte.                                                                 
             A artista fala que: “a mão sabe o caminho a seguir”, e Deleuze, ao falar sobre a obra de Bacon em “A lógica da sensação”, escreveu: “é como se a mão ganhasse independência e passasse ao serviço de outras forças...”. A mão de Luzia sabe pela experiência que “a forma já está lá” e junto com a intuição  libera as forças  e as tensões inerentes do próprio material  que é constituída.
            Acostumada a criar grandes objetos e instalações, Luzia transita bem em qualquer dimensão, suas obras pertencem à categoria das que tem uma inteligência visível que fala por si e para todos. Há uma organização consciente que transcende o código perceptivo, só nos damos conta muito perto quando o próprio intelecto reconhece a bucha. Todo o processo de formação da obra não é de ocultar o material, é de desdobrar a bucha nela mesma em sintonia com uma essência que faz parte da arte.
Claudia Ferraz






sábado, 2 de março de 2013

A DÓCIL de Dostoiévski





                       

A DÓCIL

  Em “Duas Narrativas Fantásticas” de Dostoiévski

 

O narrador,  nobre, perde sua patente militar e passa a ser conhecido pela sociedade como  covarde que recuou diante de um duelo. Passou  tempo de muita pobreza e viveu na rua.Com  herança de sua madrinha, comprou  agência de penhores e com esse negócio só quer levar vantagens e com seu poder, domina a todos com sua astúcia. Uma de suas clientes que vinha  penhorar seus “bens” era “A Dòcil”, uma garota de 16 anos, órfão de pais, que levava pequenas bugigangas que ele, apesar de só lidar com ouro e prata, aceitava seus pequenos objetos.“Foi aí que advinhei que ela era boa e dócil.” p.22 Certo dia conversando com ela, perguntou se já tinha lido Fausto e citou um trecho de Goethe “ Sou parte de energia/ Que sempre o mal pretende e que o Bem sempre cria”. E concluiu, para a garota não ficar pensando que ele seria o diabo e ela retrucou que em qualquer situação se pode fazer o bem. Ele percebeu como que ela projetava seu interior íntegro e correto , para todas as pessoas. Achou encantador aquela simplicidade.Vai aos poucos gostando da presença da moça e sua atenção se volta mais ainda , quando ela quer fugir de um pretendente ousado e não querido. Diante dessa situação oferece sua ajuda e naturalmente sua casa. Entendeu que para ter essa mulher em sua casa deveria ser  pessoa sisuda e de pouquíssima conversa. Andou pesquisando sobre a vida dela e imaginou que já a possuía. Julgou também que de uma família desgraçada  que ela vinha, só podia ver nele um lorde. Pensou em se declara e começaria falando de seus defeitos e ao falar sobre as qualidades:“... mas, digo eu, em vez daquilo, tenho isso e isso, isso e isso e isso e aquilo.” p.31 Concluindo disse que ali com ele, ela teria condições de se alimentar. Aguardava a resposta dessa proposta um tanto confusa. Ela pensou muito e disse sim.

Ele com 41 anos e ela com 16! essa constatação o enchia de orgulho. Ela o abraçava, o envolvia mas logo logo percebeu que ele além de calado, não gostava desses afagos; era severo. Para ele essas eram estratégias para conquistar pois, queria mulher e filhos, se estabelecer na vida e ser feliz.

No atendimento aos fregueses, os dois tinham comportamentos diferentes, gerando brigas e desentendimentos. Num desses episódios ela saiu de casa e só voltou tarde. Ele ficou sabendo que agora sua mulher estava com  seus inimigos, que o traia e que era uma estranha em sua casa. Comprou então um biombo e uma cama e passaram a dormir separados. Ele pensou que a mataria com o seu revólver. Essa era também a vontade dela que esperou que ele dormisse pegou a arma e apontou-a para a cabeça do marido. Ele fingiu dormir e aguardou. Ela desistiu daquela ideia  e quando ele abriu os olhos, a mulher já não estava no quarto. Ela  estava doente, ele cuidava dela junto com a governanta Lukesia e uns enfermeiros. Passaram a conversar um pouco mais e ele queria perdoá-la. Certo dia a viu cantando tão baixinho, quase sem voz e ficou admirado que ela cantava. Depois soube que sempre que ele saía ela cantava. Tomado de um extremo ardor voltou da rua e passou a beijá-la, dizer coisas amorosas, tomado de grande paixão. Ela o acalmou e disse: “chega, não se torture, acalme-se!” e chorava... “E eu pensava que o senhor me deixaria assim”. p. 74

Ele vendeu os penhores e planejou viajar com ela.

Certa vez ele não estando em casa Lukesia ouviu um barulho de janela entrou em seu quarto e ela estava com o ícone o apertava-o no peito pulando pela janela.

“... quando amanhã a levar embora o que é que vai ser de mim.” p. 87

Diante do cadáver ele relembrou o relacionamento querendo entender porque ela se matara.

                     

sexta-feira, 1 de março de 2013

"Casos" de Luzia Veloso



                   
Casos

A medida que brincava com os netos, vinha a vontade de contar-lhes aquelas histórias experimentadas na roça e na cidade na companhia da família e amigos.
Queria falar que brincadeiras de roda, e só hoje percebo, têm tantos significados. Elas são a lembrança contada de geração a geração, advindas da vivência  de portugueses, africanos e índios, aqui no nosso país. iniciando assim as narrativas de nossas tradições. Queria que meus netos soubessem de detalhes interessantes como na brincadeira de “Escravos de Jó”, uma forma que  escravos  inventaram, construindo seu código particular de linguagem, a fim de prepararem a fuga livrando-se dos castigos e dos trabalhos forçados por seus senhores. Que havia brincadeira de pular corda; de pique esconde, queimado, bola de gude, passa anel, pião, peteca e tantas outras mais.
 O que seria mito, o que seria lenda?
Motivada pelas lembranças dos passeios no carro de bois com seu barulho característico, as festas de Reis, o bumba meu boi, as procissões e muitas histórias de arrepiar, fui escrevendo.
A princípio tratava-se de um projeto modesto com alguns textos que seriam impressos. Entretanto ele foi tornando vulto e terminei por escrever o livro “Casos”.
Testemunhas daqueles belos tempos, alguns amigos, participaram também do meu livro.