sábado, 2 de março de 2013

A DÓCIL de Dostoiévski





                       

A DÓCIL

  Em “Duas Narrativas Fantásticas” de Dostoiévski

 

O narrador,  nobre, perde sua patente militar e passa a ser conhecido pela sociedade como  covarde que recuou diante de um duelo. Passou  tempo de muita pobreza e viveu na rua.Com  herança de sua madrinha, comprou  agência de penhores e com esse negócio só quer levar vantagens e com seu poder, domina a todos com sua astúcia. Uma de suas clientes que vinha  penhorar seus “bens” era “A Dòcil”, uma garota de 16 anos, órfão de pais, que levava pequenas bugigangas que ele, apesar de só lidar com ouro e prata, aceitava seus pequenos objetos.“Foi aí que advinhei que ela era boa e dócil.” p.22 Certo dia conversando com ela, perguntou se já tinha lido Fausto e citou um trecho de Goethe “ Sou parte de energia/ Que sempre o mal pretende e que o Bem sempre cria”. E concluiu, para a garota não ficar pensando que ele seria o diabo e ela retrucou que em qualquer situação se pode fazer o bem. Ele percebeu como que ela projetava seu interior íntegro e correto , para todas as pessoas. Achou encantador aquela simplicidade.Vai aos poucos gostando da presença da moça e sua atenção se volta mais ainda , quando ela quer fugir de um pretendente ousado e não querido. Diante dessa situação oferece sua ajuda e naturalmente sua casa. Entendeu que para ter essa mulher em sua casa deveria ser  pessoa sisuda e de pouquíssima conversa. Andou pesquisando sobre a vida dela e imaginou que já a possuía. Julgou também que de uma família desgraçada  que ela vinha, só podia ver nele um lorde. Pensou em se declara e começaria falando de seus defeitos e ao falar sobre as qualidades:“... mas, digo eu, em vez daquilo, tenho isso e isso, isso e isso e isso e aquilo.” p.31 Concluindo disse que ali com ele, ela teria condições de se alimentar. Aguardava a resposta dessa proposta um tanto confusa. Ela pensou muito e disse sim.

Ele com 41 anos e ela com 16! essa constatação o enchia de orgulho. Ela o abraçava, o envolvia mas logo logo percebeu que ele além de calado, não gostava desses afagos; era severo. Para ele essas eram estratégias para conquistar pois, queria mulher e filhos, se estabelecer na vida e ser feliz.

No atendimento aos fregueses, os dois tinham comportamentos diferentes, gerando brigas e desentendimentos. Num desses episódios ela saiu de casa e só voltou tarde. Ele ficou sabendo que agora sua mulher estava com  seus inimigos, que o traia e que era uma estranha em sua casa. Comprou então um biombo e uma cama e passaram a dormir separados. Ele pensou que a mataria com o seu revólver. Essa era também a vontade dela que esperou que ele dormisse pegou a arma e apontou-a para a cabeça do marido. Ele fingiu dormir e aguardou. Ela desistiu daquela ideia  e quando ele abriu os olhos, a mulher já não estava no quarto. Ela  estava doente, ele cuidava dela junto com a governanta Lukesia e uns enfermeiros. Passaram a conversar um pouco mais e ele queria perdoá-la. Certo dia a viu cantando tão baixinho, quase sem voz e ficou admirado que ela cantava. Depois soube que sempre que ele saía ela cantava. Tomado de um extremo ardor voltou da rua e passou a beijá-la, dizer coisas amorosas, tomado de grande paixão. Ela o acalmou e disse: “chega, não se torture, acalme-se!” e chorava... “E eu pensava que o senhor me deixaria assim”. p. 74

Ele vendeu os penhores e planejou viajar com ela.

Certa vez ele não estando em casa Lukesia ouviu um barulho de janela entrou em seu quarto e ela estava com o ícone o apertava-o no peito pulando pela janela.

“... quando amanhã a levar embora o que é que vai ser de mim.” p. 87

Diante do cadáver ele relembrou o relacionamento querendo entender porque ela se matara.

                     

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